sábado, 23 de maio de 2009
Arte, Cultura e Património
As Jornadas ARTE, CULTURA e PATRIMÓNIO que seriam realizadas nos próximo dias 12 e 13 de Junho, no Auditório da Escola Superior de Educação, ficam adiadas para Outubro de 2009, em data a ser divulgada posteriormente.
Teorias e Práticas do Património
No dia 29 de Abril por volta das 10h00, decorreu no auditório da Escola Superior da Educação do Instituto Politécnico do Porto mais uma sessão de Jornadas de Património Arterial, versando desta vez sobre Teorias e Práticas do Património.
Recebemos a Doutora Laura Castro, da Universidade Católica, que discursou sobre conservação e restauro; a arquitecta Margarida Coelho que exerceu já funções de docência na presente instituição, leccionando precisamente no curso de Gestão do Património, e que também já esteve ligada à Direcção do antigo IPPAR; e por fim, mas não menos importante, o Dr. Manuel Fráguas, um grande apaixonado pela fotografia, que nos presenteou com belíssimos exemplares analógicos desse seu passatempo.
Como sempre, a meio da sessão e durante um pequeno intervalo, desfrutámos de um coffe-break carinhosamente preparado pela equipa organizadora das jornadas.
Mais uma vez sentiu-se uma boa aderência por parte do público e acreditamos que a próxima sessão, que incidirá sobre Arte, Cultura e Património, e que será de encerramento, constituirá um sucesso já que decorrerá durante dois dias (12 e 13 de Junho; sexta e sábado). No dia 12 ao final da tarde poderemos relaxar num pequeno lanche nos jardins da ESE, que contará com a presença da DJ Inês Marques. Realizar-se-á também um sorteio onde o premiado receberá um bilhete duplo para um espectáculo cultural ainda a determinar.
terça-feira, 21 de abril de 2009
TEORIAS E PRÁTICAS DO PATRIMÓNIO
No próximo dia 29 de Abril, no Auditório da Escola Superior de Educação, decorrerá a terceira conferência do IV ciclo de Jornadas de Património ARTErial. Esta conferência incidirá sobre as Teorias e Práticas do Património e terá como oradores a Doutora Laura Castro (Docente da Escola das Artes, UCP - Conservação e Restauro), a Mestre Margarida Coelho (Arquitecta) e o Doutor Manuel Fráguas.
Programa
10h00 Recepção dos participantes
10h15 Abertura da sessão
10h30 Laura Castro (Docente Escola das Artes, UCP - Conservação e Restauro)
11h00 Margarida Coelho (Arquitecta)
11h30 Pausa para café
12h00 Manuel Fráguas
Debate
Programa
10h00 Recepção dos participantes
10h15 Abertura da sessão
10h30 Laura Castro (Docente Escola das Artes, UCP - Conservação e Restauro)
11h00 Margarida Coelho (Arquitecta)
11h30 Pausa para café
12h00 Manuel Fráguas
Debate
Património Natural e Ambiental
No passado dia 8 de Abril, quarta-feira, teve mais uma vez lugar, no auditório da ESE, uma sessão de Jornadas de Património ARTErial. Versando sobre Património Natural / Ambiental contámos com a presença da Dr.ª Clara Castro Poças da Câmara Municipal de Valongo e do Dr. Paulo Magalhães da Quercus, como oradores.
Numa conversa animada debruçámo-nos sobre a requalificação da Serra de Santa Justa, localizada em Valongo, e também sobre o desenvolvimento de um projecto que visa encarar o planeta Terra, a nível ambiental, como um grande condomínio. Quanto a este último tópico, para mais informação, visite o site http://www.condominiodaterra.org/.
Em seguida, num pequeno e agradável jardim interior, procedemos a um momento de descontracção: o coffe-break, onde os nossos convidados e espectadores puderam conviver um pouco ao som de música relaxante e saborear algumas iguarias características de cada uma das regiões dos organizadores das Jornadas.
Para finalizar e devido ao âmbito desta sessão, como não podia deixar de ser, plantou-se um carvalho, árvore tipicamente portuguesa.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
PATRIMÓNIO AMBIENTAL / NATURAL
É com prazer que informamos a comunidade escolar da ESE que irá decorrer no próximo dia 8 de Abril de 2009, no Auditório da mesma instituição, a segunda conferência do IV ciclo de Jornadas de Património ARTErial.
Esta conferência versará sobre Património Natural / Ambiental e terá como oradores o Dr. Paulo Magalhães (Coordenador do Departamento Jurídico da QUERCUS) e a Dr.ª Clara Castro Poças (Directora do Departamento de Ambiente e Qualidade de Vida da Câmara Municipal de Valongo).
Esta conferência versará sobre Património Natural / Ambiental e terá como oradores o Dr. Paulo Magalhães (Coordenador do Departamento Jurídico da QUERCUS) e a Dr.ª Clara Castro Poças (Directora do Departamento de Ambiente e Qualidade de Vida da Câmara Municipal de Valongo).
Programa
14h30 Recepção dos participantes
14h45 Abertura da sessão
15h00 Paulo Magalhães (Coordenador do Departamento Jurídico da QUERCUS)
15h45 Clara Castro Poças (Directora do Departamento de Ambiente e Qualidade de Vida,
Câmara Municipal de Valongo)
Parque Paleozóico de Valongo, localizado na Serra de Santa Justa e Pias, foi criado em 1998, com base num projecto conjunto da Câmara Municipal de Valongo e Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto.
16h30 Debate
sábado, 28 de março de 2009
Artes Performativas
As IV Jornadas Património ARTErial realizadas no dia 12 de Março, sobre o tema Artes Performativas, corresponderam às expectativas da organização.
As actividades realizadas foram diversas, começando com uma Conferência onde estiveram presentes oradores de renome, entre eles, Beatriz Albuquerque, Isabel Alves Costa e Né Barros.
Beatriz Albuquerque fez uma aboradagem da dualidade Performance/Internet e ainda nos contemplou com informações importantes acerca das Artes Performativas através do seu percurso artístico.
Isabel Alves Costa transmitiu narrativas para novas centralidades, apresentando o caso concreto do projecto inovador "Comédias do Minho".
Por fim, Né Barros - em representação do Balleteatro, relatou a sua própria experiência discutindo questões e problemáticas sobre as Artes Performativas, nomeadamente a Dança e o Teatro.
A Jornada das Artes Performativas prolongou-se até à noite contando com a presença de vários alunos.
As actividades desenvolvidas neste âmbito passaram pela Música, Poesia e Dança. Na Música, Mariya Krasnosshchok ao piano, na Poesia, Susana Sousa com o Poema "Bailarina" de António Gedeão e os colegas de Erasmus, Luís Carmona Horta, Giorgia Galleri e José Ferreira num poema a três vozes de Luis Carmona Horta "Eterno Retorno" e na Dança a apresentação do grupo de Hip-Hop Dance Slaves.
sexta-feira, 13 de março de 2009
quarta-feira, 11 de março de 2009
ARTES PERFORMATIVAS
A primeira Jornada irá realizar-se, no próximo dia 12, e visa proporcionar um espaço de discussão e troca de experiência entre todos os interessados na temática das artes performativas.
Foram convidados para esta jornada profissionais que desenvolvem a sua actividade nesta área.
As jornadas irão decorrer no Auditório da Escola Superior de Educação do Porto, e a entrada é gratuita.
Programa
10h00 Recepção dos participantes
10h15 Abertura da sessão
10h30 Beatriz Albuquerque (Artista)
Abordagem sucinta acerca da performance e da dualidade performance e Internet. Desenvolvimento e exemplos do seu próprio percurso artístico na performance com abordagem de resolução de recursos, montagens, apresentação, gestão na obra performativa.
11h10 Isabel Alves Costa e Mauro Rodrigues (Comédias do Minho)
Comédias do Minho / Novas narrativas para novas centralidades
11h50 Pausa para café
12h10 Né Barros (Balleteatro)
Criação e Formação nas Artes Performativas / A partir do exemplo e experiência pessoal na direcção de um centro como o balleteatro, pretende-se expôr e discutir questões e problemáticas que se envolvem com o desenvolvimento das artes performativas.
Debate
Realização de Actividades nas IV Jornadas do Patrimonio Arterial
21.00 Recepção
21.15 Mariya Krasnosshchok ao Piano - Adagio sustenuto, sonate op.27 nr.2 - Ludwing van Beethoven
21.30 Susana Sousa recita poesia - A Bailarina - Antonio Gedeão
21.45 Poesia de Luis Carmona Horta - "Eterno Retorno" a três vozes - Luis Carmona Horta, Giorgia Galleri e Sofia Bragança
22.00 Intervalo
22.15 Grupo Dance Slaves (hip hop)
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Quatro tipos de Património Artístico
O Património Artístico esteve sempre presente em toda a Humanidade, desde as suas origens até à actualidade. O Homem e o seu património cultural, nele incluindo o artístico, são companheiros inseparáveis desde todo o sempre. Mais, a Arte torna o Homem mais humano, dando ao seu destino um sentido de Transcendência e um sentido do Divino. No entanto, apesar deste conteúdo metafísico, a Arte tem uma dimensão material porque existe enquanto obra. O Património Artístico assume várias formas, conforme as suas várias manifestações artísticas: a pintura, a escultura, a fotografia, a cerâmica e também as quatro por nós seleccionadas: uma peça de teatro, um filme, uma dança, uma peça musical. É constituído pelas obras de arte e os diversos testemunhos artísticos do passado e que herdámos de gerações sucessivas, tendo o dever de o preservar, utilizar e valorizá-lo para as gerações vindouras.
Sobre o Património Artístico, dizem-nos Maria Calado e Manuel Santinho:
«conhecer o património artístico passa pela sua leitura correcta e pela aquisição de uma informação rigorosa e profunda sobre cada um dos aspectos. Assim se constitui a primeira plataforma para a sua valorização, primeiro através de fruição, e depois através da intervenção adequadas no sentido da sua preservação mais enriquecida. No quadro contemporâneo, a protecção do património artístico e o reconhecimento do seu valor faz-se através da intervenção técnica, da classificação e da criação de mecanismos de protecção jurídica».[1]
Comecemos pelo Teatro. O termo “teatro” deriva do vocábulo grego theatron, que significa “o local onde se vê”. Ou seja, inicialmente, teatro designava o edifício: o palco onde os actores representavam, o espaço dos espectadores, os bastidores, os camarins, etc. Tratava-se de um espaço físico. Mas a nosso ver, e de acordo com a posição actual em relação ao assunto, isso não é Teatro. Teatro é muito mais do que isso: é uma arte de encantar, simultaneamente fictícia e real. Fazer teatro é representar e cativar a atenção do público, divertir, fazer chorar, enfim, conversar. Realmente, o Teatro é antes de tudo comunicação e conversa entre dois interlocutores: os actores no palco e os espectadores sentados nos seus lugares. Trocam informação, ideias, emoções e sentimentos. Uma peça de Teatro, seja de que género for, tem sempre algo a revelar, por isso é também uma actividade de desenvolvimento interior, respondendo a uma necessidade profunda do ser.
P. Campeanu encara o Teatro, precisamente nesta perspectiva de comunicação e também de ritual:
«P. CAMPEANU vê nesta dissociação fundamental do grupo humano em espectadores e protagonistas, o reflexo da separação entre o emissor e o receptor do processo da comunicação e identifica a tensão existente entre os dois tipos de experiência: a fictícia dos protagonistas e a “real” dos espectadores, tensão que caracteriza um certo tipo de “associação humana” através da qual se pode definir o espectáculo teatral. Associação, dissociação e interacção dos dois elementos são, segundo Campeanu, fundamentais porque é numa “determinada ritualização das relações humanas” que reside a sua função primordial: “kkritualização” porque o teatro mais do que qualquer outra arte, é ritual na sua essência e “determinada” porque a arte teatral converte os valores rituais em valores estéticos através de uma mudança de código, por um “mecanismo” que, ao assimilar os caracteres gerais do ritual, lhes confere uma qualidade específica. Portanto, é por intermédio do espectador, por uma transformação dos seus valores, que o teatro regressa ao rito».[2]
Também Roland Barthes vê no teatro uma forma de comunicação e informação:
«O que é o teatro? uma espécie de máquina cibernética. Em repouso, esta máquina esconde-se por detrás de um reposteiro mas assim que fica a descoberto começa a enviar-nos mensagens. Estas mensagens têm de característico o facto de serem simultâneas e, todavia, terem diferentes ritmos; em determinada altura do espectáculo recebemos “ao mesmo tempo” seis ou sete informações (provenientes do cenário, da indumentária, da iluminação, da colocação dos actores, dos seus gestos, mímica, falas); estamos, portanto perante uma verdadeira polifonia informativa e é isto que constitui a teatralidade: “uma densidade de signos”».[3]
Não deixamos de concordar com R. Barthes, mas para nós, o Teatro vai muito mais além da simples transmissão de informação. Ele é sobretudo movimento por dentro, transformação (dos actores e dos espectadores). O Teatro é um conflito de emoções e sentimentos e sua finalidade é produzir no público uma impressão que tem mais a ver com a sensibilidade do que com a intelectualidade. Esta fica para depois da peça: para os críticos.
Connosco concorda Fernando Peixoto:
«Se o Homem é e sempre foi “um animal social”, só vivendo e comunicando entre si podia sobreviver. E o teatro, como veículo privilegiado para essa comunicação, torna-se uma arte que, embora constantemente ameaçada, sempre soube renascer das cinzas, conferindo aos humanos o direito a expressarem as suas dores, as suas fobias, as suas angústias, mas também a sua esperança e convicções. Existir é representar».[4]
Passemos agora ao Cinema. A Lei nº 107/01 de 8 de Setembro define no seu Artigo 84.º o património áudio-visual, no qual inclui aos espectáculos cinematográficos: Vejamos os pontos 1 e 2:
Integram o património áudio-visual as séries de imagens, fixadas sobre qualquer suporte, bem como as geradas ou reproduzidas por qualquer tipo de aplicação informática ou informatizada, também em suporte virtual, acompanhadas ou não de som, as quais, sendo projectadas, dão uma impressão de movimento e que, tendo sido realizadas para fins de comunicação, distribuição ao público ou de documentação, se revistam de interesse cultural relevante (…)
Integram, nomeadamente, o património áudio-visual as produções cinematográficas, as produções televisivas e as produções videográficas[5].
O Cinema é outra arte mágica que, como o teatro deve ser preservada e protegida. O primeiro encanto está na maravilha da imagem em si e do seu movimento, imagens essas transformadas em comédia, drama, ficção científica…em suma, em Arte; o segundo encanto é a identificação do espectador com uma personagem, que nele desperta as mais variadas emoções; o terceiro encanto é a aprendizagem ainda que inconsciente; e o quarto reside nas mudanças interiores (por imitação ou por repulsa).
Segundo Peixoto Fernando:
«As participações subjectivas, ao fixarem-se na imagem objectiva, dão-lhe uma alma e uma carne: a presença objectiva. Todavia, entre a destruição dos quadros objectivos do cinematógrafo e o seu restabelecimento operado pelo espectador do cinema, há um hiato infinitesimal. Através desse buraco de agulha, toda a caravana mágica foi passando e introduzindo, por contrabando, o ópio do mundo irreal».[6]
“Ópio” parece-nos ser um termo forte demais. Nós diríamos antes: abençoado ópio, desde que não levado a extremos de alienação. Afinal, tanto no cinema como no teatro, real e irreal andam de mãos dadas e os filmes e peças teatrais, às vezes, não estão assim tão longe da chamada Realidade. E referimo-nos a realidade exterior e interior.
Chegou o momento de registar alguma informação sobre a MÚSICA. O vocábulo “música” vem do grego musiké téchne que designa “a arte das musas”. Daqui concluímos que a Música deve muito à inspiração.
É impossível encontrar-se uma definição para esta forma de arte. Aliás, definir é limitar. Podemos, contudo, afirmar que se não estabelecer um diálogo entre o compositor ou intérprete e o ouvinte, através da obra musical, então não haverá Música.
Como no teatro e no cinema, a Música, para produzir o seu efeito, tem que saber comunicar. Mas comunicar o quê? Os afectos ou desafectos da alma devem ser manifestados através do som. Ele permite que compositor/intérprete/executante enfatizem as suas emoções e transmitam isso mesmo ao ouvinte. É claro que, como no teatro e no cinema., nem todos os espectadores /ouvintes recebem a mesma mensagem. Cada um reinterpreta à sua maneira aquilo que escuta. A personalidade, o estado de alma no momento, a sensibilidade, a cultura e educação de cada um acabarão por determinar as mensagens transmitidas pela peça musical. E isso até nem é mau. Muito pelo contrário: é a Música a despertar em cada um aquilo que de melhor ele possui.
No fundo, como lemos num site da Internet «(…) a música decorre de um desejo humano de modificar o Mundo».[7]
Finalmente chegamos à Dança, outro dos patrimónios artísticos que decidimos trabalhar. Em comum com os outros possui a beleza estética e a arte de comunicar algo a alguém. Mas a Dança usa o movimento para passar as suas mensagens. Ela nada mais é do que uma sequência de passos, gestos, arabescos e movimentos corporais levados a cabo dentro dum ritmo determinado, com a finalidade de expressar sentimentos humanos. Segundo A. De Oliveira: «Esta expressão englobante do corpo e do espírito favorece a distensão emotiva (cartase) e integração da personalidade. Exige força de vontade para o adestramento do corpo e exercício das faculdades intelectuais, percepção e vivência do simbolismo, imaginação criadora, riquezas de intuição, etc.».[8]
O movimento do bailarino é um movimento muito diferente do movimento dos actores no palco do teatro ou no cinema. Nela, o movimento vem do interior. Diz Rudolf von Laban que «a acção exterior é subordinada ao sentimento interior».[9]
Susana Sousa
Sobre o Património Artístico, dizem-nos Maria Calado e Manuel Santinho:
«conhecer o património artístico passa pela sua leitura correcta e pela aquisição de uma informação rigorosa e profunda sobre cada um dos aspectos. Assim se constitui a primeira plataforma para a sua valorização, primeiro através de fruição, e depois através da intervenção adequadas no sentido da sua preservação mais enriquecida. No quadro contemporâneo, a protecção do património artístico e o reconhecimento do seu valor faz-se através da intervenção técnica, da classificação e da criação de mecanismos de protecção jurídica».[1]
Comecemos pelo Teatro. O termo “teatro” deriva do vocábulo grego theatron, que significa “o local onde se vê”. Ou seja, inicialmente, teatro designava o edifício: o palco onde os actores representavam, o espaço dos espectadores, os bastidores, os camarins, etc. Tratava-se de um espaço físico. Mas a nosso ver, e de acordo com a posição actual em relação ao assunto, isso não é Teatro. Teatro é muito mais do que isso: é uma arte de encantar, simultaneamente fictícia e real. Fazer teatro é representar e cativar a atenção do público, divertir, fazer chorar, enfim, conversar. Realmente, o Teatro é antes de tudo comunicação e conversa entre dois interlocutores: os actores no palco e os espectadores sentados nos seus lugares. Trocam informação, ideias, emoções e sentimentos. Uma peça de Teatro, seja de que género for, tem sempre algo a revelar, por isso é também uma actividade de desenvolvimento interior, respondendo a uma necessidade profunda do ser.
P. Campeanu encara o Teatro, precisamente nesta perspectiva de comunicação e também de ritual:
«P. CAMPEANU vê nesta dissociação fundamental do grupo humano em espectadores e protagonistas, o reflexo da separação entre o emissor e o receptor do processo da comunicação e identifica a tensão existente entre os dois tipos de experiência: a fictícia dos protagonistas e a “real” dos espectadores, tensão que caracteriza um certo tipo de “associação humana” através da qual se pode definir o espectáculo teatral. Associação, dissociação e interacção dos dois elementos são, segundo Campeanu, fundamentais porque é numa “determinada ritualização das relações humanas” que reside a sua função primordial: “kkritualização” porque o teatro mais do que qualquer outra arte, é ritual na sua essência e “determinada” porque a arte teatral converte os valores rituais em valores estéticos através de uma mudança de código, por um “mecanismo” que, ao assimilar os caracteres gerais do ritual, lhes confere uma qualidade específica. Portanto, é por intermédio do espectador, por uma transformação dos seus valores, que o teatro regressa ao rito».[2]
Também Roland Barthes vê no teatro uma forma de comunicação e informação:
«O que é o teatro? uma espécie de máquina cibernética. Em repouso, esta máquina esconde-se por detrás de um reposteiro mas assim que fica a descoberto começa a enviar-nos mensagens. Estas mensagens têm de característico o facto de serem simultâneas e, todavia, terem diferentes ritmos; em determinada altura do espectáculo recebemos “ao mesmo tempo” seis ou sete informações (provenientes do cenário, da indumentária, da iluminação, da colocação dos actores, dos seus gestos, mímica, falas); estamos, portanto perante uma verdadeira polifonia informativa e é isto que constitui a teatralidade: “uma densidade de signos”».[3]
Não deixamos de concordar com R. Barthes, mas para nós, o Teatro vai muito mais além da simples transmissão de informação. Ele é sobretudo movimento por dentro, transformação (dos actores e dos espectadores). O Teatro é um conflito de emoções e sentimentos e sua finalidade é produzir no público uma impressão que tem mais a ver com a sensibilidade do que com a intelectualidade. Esta fica para depois da peça: para os críticos.
Connosco concorda Fernando Peixoto:
«Se o Homem é e sempre foi “um animal social”, só vivendo e comunicando entre si podia sobreviver. E o teatro, como veículo privilegiado para essa comunicação, torna-se uma arte que, embora constantemente ameaçada, sempre soube renascer das cinzas, conferindo aos humanos o direito a expressarem as suas dores, as suas fobias, as suas angústias, mas também a sua esperança e convicções. Existir é representar».[4]
Passemos agora ao Cinema. A Lei nº 107/01 de 8 de Setembro define no seu Artigo 84.º o património áudio-visual, no qual inclui aos espectáculos cinematográficos: Vejamos os pontos 1 e 2:
Integram o património áudio-visual as séries de imagens, fixadas sobre qualquer suporte, bem como as geradas ou reproduzidas por qualquer tipo de aplicação informática ou informatizada, também em suporte virtual, acompanhadas ou não de som, as quais, sendo projectadas, dão uma impressão de movimento e que, tendo sido realizadas para fins de comunicação, distribuição ao público ou de documentação, se revistam de interesse cultural relevante (…)
Integram, nomeadamente, o património áudio-visual as produções cinematográficas, as produções televisivas e as produções videográficas[5].
O Cinema é outra arte mágica que, como o teatro deve ser preservada e protegida. O primeiro encanto está na maravilha da imagem em si e do seu movimento, imagens essas transformadas em comédia, drama, ficção científica…em suma, em Arte; o segundo encanto é a identificação do espectador com uma personagem, que nele desperta as mais variadas emoções; o terceiro encanto é a aprendizagem ainda que inconsciente; e o quarto reside nas mudanças interiores (por imitação ou por repulsa).
Segundo Peixoto Fernando:
«As participações subjectivas, ao fixarem-se na imagem objectiva, dão-lhe uma alma e uma carne: a presença objectiva. Todavia, entre a destruição dos quadros objectivos do cinematógrafo e o seu restabelecimento operado pelo espectador do cinema, há um hiato infinitesimal. Através desse buraco de agulha, toda a caravana mágica foi passando e introduzindo, por contrabando, o ópio do mundo irreal».[6]
“Ópio” parece-nos ser um termo forte demais. Nós diríamos antes: abençoado ópio, desde que não levado a extremos de alienação. Afinal, tanto no cinema como no teatro, real e irreal andam de mãos dadas e os filmes e peças teatrais, às vezes, não estão assim tão longe da chamada Realidade. E referimo-nos a realidade exterior e interior.
Chegou o momento de registar alguma informação sobre a MÚSICA. O vocábulo “música” vem do grego musiké téchne que designa “a arte das musas”. Daqui concluímos que a Música deve muito à inspiração.
É impossível encontrar-se uma definição para esta forma de arte. Aliás, definir é limitar. Podemos, contudo, afirmar que se não estabelecer um diálogo entre o compositor ou intérprete e o ouvinte, através da obra musical, então não haverá Música.
Como no teatro e no cinema, a Música, para produzir o seu efeito, tem que saber comunicar. Mas comunicar o quê? Os afectos ou desafectos da alma devem ser manifestados através do som. Ele permite que compositor/intérprete/executante enfatizem as suas emoções e transmitam isso mesmo ao ouvinte. É claro que, como no teatro e no cinema., nem todos os espectadores /ouvintes recebem a mesma mensagem. Cada um reinterpreta à sua maneira aquilo que escuta. A personalidade, o estado de alma no momento, a sensibilidade, a cultura e educação de cada um acabarão por determinar as mensagens transmitidas pela peça musical. E isso até nem é mau. Muito pelo contrário: é a Música a despertar em cada um aquilo que de melhor ele possui.
No fundo, como lemos num site da Internet «(…) a música decorre de um desejo humano de modificar o Mundo».[7]
Finalmente chegamos à Dança, outro dos patrimónios artísticos que decidimos trabalhar. Em comum com os outros possui a beleza estética e a arte de comunicar algo a alguém. Mas a Dança usa o movimento para passar as suas mensagens. Ela nada mais é do que uma sequência de passos, gestos, arabescos e movimentos corporais levados a cabo dentro dum ritmo determinado, com a finalidade de expressar sentimentos humanos. Segundo A. De Oliveira: «Esta expressão englobante do corpo e do espírito favorece a distensão emotiva (cartase) e integração da personalidade. Exige força de vontade para o adestramento do corpo e exercício das faculdades intelectuais, percepção e vivência do simbolismo, imaginação criadora, riquezas de intuição, etc.».[8]
O movimento do bailarino é um movimento muito diferente do movimento dos actores no palco do teatro ou no cinema. Nela, o movimento vem do interior. Diz Rudolf von Laban que «a acção exterior é subordinada ao sentimento interior».[9]
Susana Sousa
[1] CALADO, Maria; SATINHO, Manuela – A Arte fala – 12. Porto: Areal Editores. ISBN 972-627-317-X, pp. 19,20
[2]Citado em: GIRARD, Gilles; OUELLET, Real – O Universo do Teatro. Coimbra: Livraria Almedina, 1980, pp. 16,17
[3] Id, p.25
[4] PEIXOTO, Fernando – História do Teatro Europeu. 1ª ed. Edições Sílabo, 2006. ISBN 972-618-419-3
[5] Lei nº 107/01 de 8 de Setembro
[6] Ibid, p.175
[7] http://pt.wikipedia.org
[8] OLIVEIRA, A. – Dança. CHORÃO, João Bigotte (direcção). Encciclopédia Verbo Lus-Brasileira da Cultura. Edição Século XXI.Lisboa/ São Paulo: Editorial Verbo, imp. 1999. ISBN 972-22-1926 X. vol 8, p.916
[9] GIL, José – Movimento Total: o corpo e a dança. Lisboa: Relógio D’Água Editores, 2001 ISBN 972-708-650-0, p. 14
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